sábado, 15 de maio de 2010

A Teoria do Peludinho



Uma coisa muito estranha que me acontece - uma das muitas - é que a maioria das idéias que tenho, sejam para o bem quanto para o mal, me vêm quando eu estou escovando os dentes. Não sei se tem relação com o fato de eu ainda estar parcialmente dormindo logo quando levanto e, conseqüentemente, ainda meio delirando pelos universos incomuns que costumo visitar nos meus sonhos. Mas o que costuma acontecer nestes momentos é que eu me vejo filosofando e acabo criando algumas teorias científicas e filosóficas no processo.
Uma dessas teorias tem sua origem na distante década de ’90, quanto eu assisti pela primeira vez a Entrevista com O Vampiro em uma noite fria. Minha irmã estava junto comigo, mas ela acabou ficando com medo e colocou a cabeça embaixo do seu cobertor para não ver mais. Pô, certo que ela era bem pequena na época, mas ter medo de Entrevista com O Vampiro parece um pouco de exagero. Se bem que nem tanto quando lembro que meu primo Diego tinha medo de um desenho animado chamado Alice e O Canguru.
O que mais me marcou quando vi o referido filme foi a situação da pequena garota, personagem interpretado pela Kirsten Dunst, que andava com Louis e Lestat, que viveria por décadas, mas sem nunca crescer. Ao se tornar um vampiro, as pessoas transformadas ficavam com a mesma aparência enquanto vivessem (ou seria "morressem"? ou talvez "não-vivessem"?).
Não sei se é maluquice minha, mas não deixei de pensar em como seria essa situação. Ficar preso à mesma forma talvez pela eternidade. E isso foi fundamental para formar meu modo de pensar durante a adolescência, exatamente no momento em que minha barba iniciou seu crescimento.
Sobre a minha barba... bem, eu tenho uma estranha relação com ela. Sem barba, fico com cara de um total panaca. Não que eu não seja, mas esta característica fica mais evidenciada; quando minha barba está muito grande, pareço um fugitivo-da-Justiça-membro-de-um-partido-comunista-guerrilheiro-que-vive-atualmente-de-mendicância-e-se-alistou-nas-tropas-da-Al-Quaeda.
Logo, vocês já devem ter percebido no que esse raciocínio vai resultar: eu vivo sempre preocupado em estar com a barba de um tamanho "bom", para, caso eu seja ocasionalmente transformado em um vampiro, não acabe condenado a passar os próximos séculos com cara de abobado ou de Saddan Hussein.
Isso tudo me levou ao seguinte raciocínio: por que a barba supostamente me deixa menos feio? Para responder a essa questão, iniciei uma série de experimentos científicos que me levaram às seguintes questões:

Quem é mais "fofinho", um coelho ou um pato?
Quem é mais "fofinho", um pato ou um sapo?
Quem é mais "fofinho", um coelho ou um sapo?

Depois de realizar uma pesquisa em que certo público feminino respondeu a estas perguntas, pude chegar à seguinte determinação quanto à quantidade de "fofinheza" dos objetos estudados em ordem decrescente: coelho > pato > sapo.
O mais "fofinho" de todos é o coelho. O menos "fofinho" é o sapo. E o intermediário entre os dois é o pato.
Percebam que o coelho, o mais bonito dos três, é o que tem o corpo coberto por pêlos. O mais feio, o sapo, tem o corpo descoberto. E o pato está coberto por penas, que é algo que a Natureza rascunhou para chegar aos pêlos.
Esses dados comprovaram a tese de que o pêlo (ou barba) auxilia na busca por uma melhor condição estética. "Mas como o pêlo gera essa conseqüência?", foi a pergunta que me veio a seguir.
Então lá fui eu para mais uma série de experimentos, até que encontrei uma imagem hipotética: um coelho completamente sem pêlos. Aquela criatura de pele branca, enrugada. Imediatamente, sob esta nova condição, o coelho caiu para o último lugar na colocação de "fofinheza". Foi aí que pude determinar que a verdadeira função do pêlo, e da barba, é a de tapar e esconder a feiúra natural dos indivíduos. Logo, uma pessoa como eu, alguém não tão bonito assim (isso foi um baita eufemismo), tem o rosto oculto por uma camada de barba, cobrindo parte desta face visualmente desagradável. Então, diante de uma menor área de feiúra, o conjunto todo parece menos feio.
Atualmente, eu só corto minha barba quando esta às vésperas de atingir o nível "integrante do partido comunista", mas com uma tesoura e me certificando de nunca removê-la completamente.

4 comentários:

  1. Cara, isso fez muito sentido e de uma forma assustadora (e eu também tenho o mesmo problema com a barba. pequena demais eu pareço um idiota e grande demais eu pareço um árabe procurado por jogar um avião num prédio)

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  2. Bem, nesses assuntos de barba eu posso falar... Eu uso barba a mais tempo do que me lembro, a priori por que sem ela fico parecendo um bebezão - e isso com 39 anos é, no mínimo, esquisito. De barba, segundo minhas afilhadas no Rio - alô Jéssica! - eu fico com cara de mau (o que deve ser verdade, pela reação que outras pessoas, adultas, em outros lugares já tiveram...)Assim, eu tento manter minha barba com máquina 3, juntamente com o que me resta de cabelo... E fico parecendo um fugitivo do hospício mais próximo, assassino e perigoso =D

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  3. Se for assim, todas as mulheres teriam cara de babacas?

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  4. A barba serve para esconder o rosto de quem é feio. As mulheres costumam ser mais "jeitosinhas", e a Natureza concluiu que elas não precisavam ser escondidas.

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