sábado, 4 de setembro de 2010

Anjos Natalinos

Era uma vez 1998, ano em que eu estava cursando a oitava série. O fim do ano e as festas que ele implica estavam próximos, então a professora da disciplina de Educação Artística resolveu nos passar uma tarefa: dividiu a turma em grupos e distribuiu entre os grupos folhas de papel ofício (na época, por algum motivo, se usava mais ofício do que A4) com imagens de símbolos natalinos. Velas, bolas e bengalas listradas, essas coisas. Eram apenas desenhos, linhas em negro sem cor alguma. Nossa tarefa era colorir, recortar e transformar aquilo em enfeites de natal.
Foi então que eu vi: havia um dos desenhos em uma das folhas... ele era especial. Tratava-se de um desenho de um pequeno anjo. Era a única figura que representava um indivíduo, algo que pudesse ser visto como uma pessoa, e não algum tipo de "natureza morta natalina". Naquele momento eu saltei sobre a mesa e agarrei a respectiva folha de papel com todas as forças de um guri de quatorze anos. Eu queria aquela folha... não, os outros desenhos não eram importantes. Eu queria aquela imagem, eu queria o anjo.
Assim que agarrei aquele tesouro que os outros integrantes do grupo pareciam não perceber o quanto era reluzente e especial, eu o destaquei dos demais, recortei-o e guardei junto ao meu material para levá-lo para casa.
Em casa eu me dediquei ao trabalho, mas apenas à figura do anjo. Nunca mais toquei na folha e nos outros desenhos que ela continha, mas o anjo... eu via inúmeras possibilidades. Poderia mudá-lo, recriá-lo, colocar algo de mim nele.
Na aula seguinte, cheguei com minha obra colorida, recortada, colada sobre uma cartolina grossa e recortada de novo. E eu tinha minha versão daquele desenho agora reconstruído, tinha meu anjo, ou melhor, meu "Arcanjo". Sim, eu transformei o desenho em um dos personagens de X-Men.
E foi assim que tudo começou. Então passei a reproduzi-lo, duplicar as características básicas do desenho original, cujo autor eu desconheço, e criar novas versões do anjo natalino, adaptar outros personagens àquela forma. E assim o faço, tenho tentado manter esta tradição todos os anos. Sempre que chega dezembro, produzo pelo menos mais um e o acrescento aos enfeites de minha árvore de natal. Na verdade, essa prática é o que mais me agrada no Natal.


Arcanjo (modelo original), Cell, Piccolo Jr., Cloud Striffe, Asa Sangrenta, Aranha Escarlate, Venom (Edie Brock), Carnificina e Duende Macabro

Caçador de Marte e Lanterna Verde (Hal Jordan)


Aragorn, Bill Raio Beta, Hellboy, Rorschach e Jenny Sparks

As figuras tem entre 7,5 cm e 9 cm, desenhados com nanquim sobre papel branco, coloridas com lápis de cor, recortadas, coladas sobre cartolina e recortadas mais uma vez. Tenho ainda desenhados e arte-fnalizados uma versão do Comediante e um Galactus, com o dobro das dimensões padrão que não cheguei a colorir no ano passado.
Vai saber o que me aguarda para este ano.

3 comentários:

  1. E eu te perturbei até você me enviar uns.

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  2. Eu já disse que isso é genial? Porque isso é genial, cara.

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  3. Isso é o que se pode chamar de tradição natalina decente.

    P.S.: não fique triste, Asperger is totally on.

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