segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Manifesto


— Ostentação, legitimar-se por aquilo que você tem ou pode, estas são as armas do inimigo. Se necessário, use aquilo que você sabe ou é. Entenda toda a tradição que veio antes de você e coloque-se como uma continuidade dela, seja um degrau para o que virá.
— Se você precisar mentir, significa que não tem coragem para admitir a verdade e aceitar as conseqüências.
— O narrador e o observador sempre distorcem os fatos. Não confie neles.
— Quando achar que se encontra em um dilema, saiba que ele não existe. Apenas faça o que é melhor para quem estiver à sua volta.
— Nunca quebre uma promessa. Nunca.
— Se existe algo imperativo, que precisa ser feito, faça. Se não puder, tente de novo até conseguir ou se destruir no processo. Mas nunca deixe que outra pessoa sofra danos quando realizar sua tarefa.
— Evite a violência, tente resolver seus problemas usando a mente. Mas se alguém não puder ser dissuadido e insistir em usar violência contra o mais fraco, significa que ele é seu inimigo. Não hesite e derrote-o. Não cultue Ares, mas invoque Athena quando necessário.
— Quando seu inimigo deixar de ameaçar os fracos, ele não é mais seu inimigo.
— Qualquer idiota pode apertar um gatilho. Se for necessária uma conduta inferior, tenha a dignidade de se anunciar antes e limite-se às espadas.
— Uma vitória fora das regras não é uma vitória. Apenas significa que admitiu que não poderia sustentar a disputa antes mesmo de tentar.
— Ao representar aquilo que ama, faça-o de forma grandiosa mostrando o quão tudo mais é irrisório diante da sua presença. Faça com que aqueles que contemplam sua representação também se sintam pequenos, assim, talvez, eles entendam como você se sente.
— Às vezes, a Natureza é poderosa e infinita demais para ser representada. Quando perceber-se diante de uma situação como essa, admita que não pode capturá-la em um papel e aproveite o momento com seus olhos e mente.
— Se um dia você achar algo que valha a pena, jure lealdade e a siga até o fim. Abandone a arrogância e não a deixe escapar.
— A forma sem conteúdo é uma casca vazia. Você não conseguirá sustentá-la diante de homens sábios.
— A forma deve seguir o conteúdo. Adéqüe-a e adapte-a ao seu discurso para atingir o máximo de seu potencial.
— Mire no ideal. Busque o que lhe parecer ser o auge. Se não alcançá-lo, terá, ao menos, ido o mais longe que a situação e o momento permitiram e inspirará os homens a fazerem seu melhor.
— O Bem e o Mal são pontos de vista, o mundo é cinza. Lembre-se que não existe verdade. Se existe, provavelmente você nunca a encontrará. Se encontrar, todos discordarão dela.
— Pense seriamente e seja sincero consigo, então encontrará o que lhe parece certo e verdadeiro. Siga esse ideal com honestidade e atingirá o máximo de seu potencial. Mas lembre que seu ideal é só uma construção subjetiva e provavelmente é falso.
— Nunca julgue pela aparência. Nunca desconsidere o que é pouco ou pequeno.
— Seja lógico e calculista nos momentos de tensão. Deixe para chorar quando estiver sozinho e não demonstre falta de fé diante daqueles a quem lidera.
— Use a arte para dizer o que acha que deve ser dito. Então crie uma forma ao redor dessa idéia.
— Se sua obra é curta demais para um discurso narrativo ou por outro motivo assim preferir, construa-a ao redor de uma sensação. Escolha um efeito, uma paixão que quer compartilhar, e conduza-a para que seu observador também a sinta.
— Ao partir, tenha certeza de não deixar conseqüências funestas para os que ficarem.
— Construa, deixe um exemplo, uma motivação. Se, de alguma forma, você ainda inspirar os homens após sua morte, significa que sua vida valeu a pena.
— O conflito ideal não se dá entre herói e vilão, e sim entre homens cujos objetivos ou deveres não podem ser realizados simultaneamente.
— A maior beleza é provocar a satisfação daquilo que ama. Em segundo lugar, vem a beleza da contemplação da representação da tristeza.
— Domine todas as técnicas, todas as ciências. Você não conseguirá, mas que seja devido à limitação de tempo de uma vida, e não pela falta de tentativa.

Rafael Machado Costa, 04 de agosto de 2012

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